Como é a vida no Japão para um desenvolvedor web freelancer? Conversamos com Dimitri, que se mudou recentemente para Tokio para saber como está sendo esta experiência até aqui.
Se estabelecendo
Então, como você foi parar em Tokio? “Bom, estou aqui com visto de turista, o que é uma maneira conveniente para um freelancer para viver aqui.” explica Dimitri. “Participei como teaching assistant de duas edições do Le Wagon em Paris em 2016. Depois disso decidi me mudar para Tokio, meio que de repente... uma das vantagens da vida de freelancer”.
Dada a quantidade de projetos que ele tem trabalhado, parece que foi uma decisão acertada. “Estou dividindo meu tempo entre meus jobs de freelancer e alguns projetos pessoais: no momento trabalho remotamente em um app mobile. Também estou dando uma mão para o
SafeCast (projeto ambiental Open Source lançado em Tokio), e também trabalhando em algumas ideias de chatbot como projetinhos pessoais. Ao me mudar pra cá, também tive a oportunidade de conhecer alguns empreendedores legais, o que acabou me levando a me envolver em ainda outro projeto relacionado a VR”.
O que você mais curte na vida de programador? “Inicialmente, eu queria me tornar um desenvolvedor para me libertar da pressão de ter um chefe, trabalhar com o público final, essas coisas que obviamente não fazem parte da vida de um freelancer” ele ri. “Acredito que eu esteja onde eu queria. Eu realmente gosto de ensinar e de transferir a minha paixão pelo código para outras pessoas. Eu não sou muito um cara do front-end... eu prefiro mesmo é ficar no back-end, entender como tudo se conecta, a lógica da coisa toda...”. Em relação à cidade “é realmente excitante viver aqui, posso facilmente me ver morando aqui por mais um ano. Além disso, estou aprendendo japonês, o que ajuda, e estou tendo a oportunidade de viajar para outros países da Asia. Dentro de algumas semanas darei aula em outra turma do Le Wagon na Asia”.
Professor no Le Wagon
Mudando o assunto, sobre ser professor no Le Wagon, Dimitri conta algumas histórias interessantes: “Eu realmente curto o ensino de programação, o processo de deixar com que os alunos descubram os conceitos-chave por conta própria. Além disso, não ter aquela relação tradicional e paternalista entre professor/estudante, torna o ato de ensinar mais prazeroso”, e completa “sempre me surpreendi pelas diferentes formas como diferentes pessoas abordam um mesmo problema. Esse é o espírito do bootcamp!”.
Dimitri é muito claro sobre sua filosofia de ensino: “Para mim, como professor, eu não quero dar uma aula longa ou exemplos muito detalhados. Eu não quero forçar as pessoas a ficarem decorando nada, mas em vez disso quero incentiva-las a explorar e compreender os conceitos”.
O que te surpreende sobre os estudantes do Le Wagon? “Bom, alguns são total iniciantes, eles podem se sentir frustrados pelos obstáculos encontrados pelo caminho, ficar com raiva de si mesmos. Leva tempo para uma mente se acostumar” ele ri. “Alguns estudantes se juntam ao Le Wagon sem sacar nada de código. E no fim acabam amando, se tornando web developers apaixonados. É fascinante”.
99.5% of each intake makes it.
Imagino que tenha histórias interessantes para compartilhar. “Ah sim! Um estudante pensou que ele poderia codar tudo só com Ruby, mas aí descobriu que precisaria aprender JavaScript também... tentou fugir dessa realidade brutal, tentou buscar workarounds... e no fim acabou aprendendo e amando JS” LOL “A primeira semana é realmente difícil... Normalmente 1/3 da sala acha que não vai conseguir chegar até o fim. Mas o índice de drops é baixo, 99,5% dos alunos completam o curso. Basicamente, ninguém abandona a não ser por razões imprevistas”. Ele conclui: “Eu diriga que o bootcamp tem um efeito no seu ego também. É uma boa maneira de se manter desafiado e humilde”.
Hora do conselho
Dimitri, uma última palavra para as pessoas pensando em fazer o bootcamp do Le Wagon? “Eu diria que esta é uma chance para você conseguir viver e trabalhar de forma independente. Também, é provavelmente a melhor coisa que você pode fazer se você está pensando seriamente em epreender e não tem um conhecimento tecnológico ou... pelo menos se não tem um cofounder técnico”. E por que Tokio? “Me disseram que aqui tem uma carência muito grande de devs, basicamente todo mundo prefere ser gerente rs. Aprender a programar é uma oportunidade para se destacar.”